Uma relação com prazo de validade, a despedida tinha data definida. Ela, eu, até as chinchilas sabiam do amor efêmero. Tentávamos enganar o tempo, aproveitar cada segundo de forma intensa, como se fossem horas. Um dia ao máximo, virávamos madrugada e atividades de um mês, espalhadas em vinte e quatro horas.
Juntos nem percebíamos, mas os minutos passavam. O relógio parecia estar contra a união, os ponteiros teimavam em correr. Estávamos sempre atrasados, e era quase inútil tentar. Atração mútua e desejo de continuar até o limite.
Disputávamos com vontade, queríamos suspender o cronômetro e manter o contato. Os momentos vibrantes, acelerados, mas limitados ao destino. No futuro recordação, na memória lembrança.
Na despedida, queríamos enganar e fingir indiferença, mas era impossível. Eu gostava e nos olhos amendoados dela, dava para observar lágrimas de sentimento. Mãos trêmulas - um singelo papel com novo endereço, apenas protocolo final. A distância absurda deixava inviável.
Antes de partir, peguei na estante dois livros representativos para o momento: Bíblia do Caos e Diário de um Seqüestro, entreguei como lembranças. Ficou um buraco aguardando retorno. Ausência do caos e o seqüestro na rotina. O lugar continua vago, quem sabe apareça? (por Iberê)
3 comentários:
Nossa rapaz que texto mais depressivo, vê se escreve algo mais alegre.
Uiiii Iberê, tá sensível moooorrrr? rssss
"É preciso sofrer depois de ter sofrido, e amar, e mais amar, depois de ter amado."
Guimarães Rosa
Sheila, como os textos contam fatos reais, nem sempre é possível rir a toa.
bjs
(por Iberê)
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