terça-feira, 7 de maio de 2013

Durma bem meu amor

Eu só escutava o som da sua rua lá embaixo, ao longe, porque no quarto estava tudo quieto (a não ser pelo som da sua respiração sonolenta e pesada), a meia luz, sentindo seu abraço, eu não conseguia dormir. Era tudo o que eu queria nos últimos meses e ali estava então, depois de tanto querer, tanto dizer, tanto desejar, tanto sonhar (acordada ou não), estava ali, finalmente nos seus braços, satisfeita, calma, nua.
Fazia calor, mas não era isso que tirava o meu sono. Na verdade estava extasiada, querendo devorar cada segundo dali, decorando cada pedacinho da cena que sabia que não ia mais ver pessoalmente, decorando cada canto do seu quarto, repassando na mente os cheiros, sensações, cada pedaço do seu corpo, olhei bem pra suas mãos, uma das partes que mais gosto em ti. Fotografei tudo calma e mentalmente. Me aninhei bem junto ao seu corpo, sonolento, me puxa mais pra perto, sentindo o ar sair do seu nariz e passar pelo meu ouvido.
Era uma paz absurda aquela ali, quando virei de frente pra você, pude ver seu rosto sereno, sem expressão e só de saber que não precisava de teclado, de sms pra dizer boa noite, me dava vontade de desmanchar de alegria e ficar ali para o resto da minha vida, olhando pra você enquanto dormia. Não queria que aquela noite amanhecesse nunca, mas sabia que uma hora o sol ia bater na janela, acabar com meu sonho e minha paz e me mandaria embora.
Você cabia perfeitamente no meu sonho, encaixava como ninguém no meu corpo, apertava os botões certos. De você sempre tive carinho na medida exata, palavras doces ou quentes, você me completou e isso ninguém vai poder arrancar de mim, nem a distância, nem o tempo, nem novos amores. E embora eu tivesse vontade de ficar ali para o resto da minha vida, já tenho a melhor coisa que você podia ter me dado, a chance de dizer "durma bem, meu amor!" pessoalmente. Se perder o rumo ou o controle, só pensar em você, respiro seu nome e tudo fica bem. Seu amor sempre vai me fazer bem, mesmo que tenha que desistir de ser. Mesmo que nunca mais possa lhe dizer pessoalmente. "Durma bem, meu amor".

Texto escrito para o Iberê.

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