sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Lua de mel às avessas

Uma relação com prazo de validade, a despedida tinha data definida. Ela, eu, até as chinchilas sabiam do amor efêmero. Tentávamos enganar o tempo, aproveitar cada segundo de forma intensa, como se fossem horas. Um dia ao máximo, virávamos madrugada e atividades de um mês, espalhadas em vinte e quatro horas.


Juntos nem percebíamos, mas os minutos passavam. O relógio parecia estar contra a união, os ponteiros teimavam em correr. Estávamos sempre atrasados, e era quase inútil tentar. Atração mútua e desejo de continuar até o limite.

Disputávamos com vontade, queríamos suspender o cronômetro e manter o contato. Os momentos vibrantes, acelerados, mas limitados ao destino. No futuro recordação, na memória lembrança.

Na despedida, queríamos enganar e fingir indiferença, mas era impossível. Eu gostava e nos olhos amendoados dela, dava para observar lágrimas de sentimento. Mãos trêmulas - um singelo papel com novo endereço, apenas protocolo final. A distância absurda deixava inviável.
Antes de partir, peguei na estante dois livros representativos para o momento: Bíblia do Caos e Diário de um Seqüestro, entreguei como lembranças. Ficou um buraco aguardando retorno. Ausência do caos e o seqüestro na rotina. O lugar continua vago, quem sabe apareça? (por Iberê)

3 comentários:

Sheila disse...

Nossa rapaz que texto mais depressivo, vê se escreve algo mais alegre.

Sara disse...

Uiiii Iberê, tá sensível moooorrrr? rssss

"É preciso sofrer depois de ter sofrido, e amar, e mais amar, depois de ter amado."

Guimarães Rosa

O Cercadinho disse...

Sheila, como os textos contam fatos reais, nem sempre é possível rir a toa.

bjs
(por Iberê)

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