segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Pai por um mês


Na época tinha vinte e cinco anos e teoricamente sem filhos. Ainda solteiro e nenhum compromisso sério, formado, trabalhava e ganhava um salário qualificado. Uma ligação brusca e notícia de uma ex, complicada a história.

O fato envolvimento e passado, o presente três anos e menina indefesa. Frágil, doente e precisando urgente de medula. A criança sofria de leucemia, portanto aguardava um transplante de medula óssea.
Ficou brabo, irritado em ficar sabendo desta forma. Apavorado entrou na UTI, viu deitada, encolhida e abraçada em ursinho de pelúcia. Começou a chorar, diante da gravidade do quadro. Rejeitou fazer DNA. Havia pressa e necessidade de acelerar para salvá-la. Precisava encontrar alguém compatível, alertou familiares, amigos e até conhecidos. Ele de imediato fez exames para descobrir compatibilidade, chegou inclusive a cogitar o absurdo de um irmão para a menina.

Frenético, acordava e direto ao hospital, saia do expediente e retornava ao local. Não queria perder, tentava desesperado recuperá-la e futuro. Doce, pequena e encantadora, porém quase no final. Acreditava, sonhava, meio desnorteado, com algo simples até banal, a filha saudável. Brincava e falava dos passeios a serem feitos após internação. No quarto, lia histórias de ninar e criava casos hilários para animá-la.

Gravidade, a cada dia reduzia a perspectiva de continuar. Acabou sofrendo, no final antes de ir, a cena repetida abraçada ao pai e com ursinho no colo. A mãe por vaidade, medo, sei lá o motivo. Agüentou e sonegou uma informação essencial, a qual teria salvo a filha. Sim, ela tinha um pai compatível. Foi avisada, na véspera de conhecer as estrelas. (por Iberê)

3 comentários:

Stela disse...

aii Ibere que historia triste, quase chorei!! pena que muitas vezes isso realmente aconteça, mas na maioria delas é por omissão do pai.
essa mae ai do texto, desculpa as palavras, mas é um cadela desinformada, prq nesses casos a primeira coisa a fazer é esgotar toda e qualquer possiblidade de doadores compativeis, e se começa pelos parentes né!!!
eu sou doadora, e adoraria salvar uma vida.
espero que seja mais uma das tuas historias ficticias.
bjs bjs boa semana

O Cercadinho disse...

Stela, triste, mas relato de fato real.

bjs
(Iberê)

Carol disse...

Triste mesmo esse relato!!
A vida leva por uns caminhos...
A filhinha conhecer o pai em um momento tão delicado,mas ao menos teve um pouco de seu amor, pode senti-lo. Soube ali que era importante.
Bjs

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